domingo, 7 de junho de 2009

Amanhã...


Como uma paixão mal resolvida o desejo de escrever me assombra todos os dias. Furtivamente invade meus pensamentos e causa uma angustia terrível.



Acordo e penso que preciso dar vazão as minhas idéias. Algumas vezes [como hoje] abro o editor de texto e fico aqui perdida diante das infinitas possibilidades.


Penso o que, como, para quem, por quê, quando... e quanto mais penso menos escrevo...


Tenho saudades dos tempos da adolescência em que bastava pegar a agenda com as páginas amassadas e cheias de orelinhas, abrir na data e simplesmente escrever... Sem me preocupar com conteúdos, palavras, ortografias, rimas... apenas me preocupar em esvaziar o coração.


Hoje antes da primeira letra fico a me perguntar "Mas pra que esvaziar o coração?". E de repente me dou conta de como é chato virar "gente grande" e precisar de uma lógica e uma boa explicação pra tudo.


Estou na era da informação. A agenda de papel já não é usada [apesar de ainda existir]. Foi substituída por alarmes do celular, lembretes na tela do "note", planilhas de orçamentos [que incrivelmente nunca funcionam], sites de relacionamentos e dois blogs que abandono com uma freqüência maior do que eu realmente gostaria.


Em meio as minhas crises existenciais a vontade de escrever só por escrever, só pra dar vazão as minhas idéias, só pra "gritar" pro mundo minhas insatisfações é sempre constante. Mas a cada dia meu senso crítico e as convenções do meu mundo me ajudam a aumentar minha autocrítica e minha autocensura. E pra não correr o risco de escrever alguma coisa da qual eu possa me "arrepender depois" eu não passo das primeiras palavras.


Fecho o editor de texto e logo penso que isso tudo é uma grande bobagem, que eu tenho "milhões" de coisas "mais importantes" pra fazer. E a conversa de mim comigo mesma é adiada. Assim como não tenho paciência ou muita vontade pra para e ligar pros amigos, escrever e-mails, ou uma mensagem, só pra dizer um "oi", só pra que as pessoas saibam que eu me importo com elas, que eu sinto falta delas, é tão óbvio o sentimento de saudades que na maioria das vezes me sinto uma tola quando eu acho que preciso fazer alguma coisa pra expressar isto. O medo de ligar e não ter assunto com a pessoa do outro lado da linha e de ficar aquele silêncio constrangedor... ou da pessoa não responder a minha mensagem. Não porque ela não se importe, ou também não sinta saudades... mas porque a gente sempre acaba criando milhões de prioridades e os amigos, aqueles que não convivem conosco diariamente, apesar de serem fundamentais na nossa vida, ficam na nossa escala de prioridades, perdidos, lá no final da lista.


E aquela ligação que precisa ser feita, aquela mensagem que precisa ser enviada fica pra amanhã, amanhã, amanhã... Assim como o livro que sempre sonhei em escrever. Vai ficando pra amanhã... amanhã... amanhã...


E em muitas das frases interessantes que já li uma que sempre recordo e que me sempre me inquieta, me lembra que: "O amanhã não existe... o amanhã não vai chegar nunca."



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