terça-feira, 8 de julho de 2008

Meus amados amigos virtuais

Na minha casa, como na maioria das famílias brasileiras a televisão da sala é um membro honorário da família. Com a queda na qualidade da programação, eu raramente presto atenção à progrmação, no entanto, como passo boa parte do tempo sozinha em casa, acabo deixando a tv ligada, "fazendo barulho", mesmo quando estou lendo, vendo filme no quarto ou navegando na internet.

No último domingo (06/07/2008) estava vendo um filme no quarto e ela estava lá, ligada, onipresente, quando comecei a prestar atenção às chamadas do fantástico, que inúmeras vezes falaram sobre os cuidados com a internet.

Não vi a reportagem na íntegra, ouvi alguns pedaços, e depois li a matéria no site da internet. Sob meu ponto de vista uma matéria superficial. Como grande parte do que a TV nos transmite. Na verdade eu achei engraçado disfarçar um problema muito maior sob este ponto de vista. O enfoque é muito mais amplo. Famílias ajustadas e desajustadas. Pais que acham que podem substituir a convivência e o relacionamento com os filhos com bens materiais. Como se um computador, roupas e sapatos de grife pudessem substituir o diálogo, o carinho e a convivência diária.

Eu não tenho filhos, mas tenho quatro sobrinhas, três que já utilizam o computador. Estamos sempre olhando, tentando conceder-lhes uma sensação de liberdade, mas na verdade sabemos que o importante é conversar sempre e mostrar os perigos que existem no mundo. Porque a internet é o mundo, e se elas entenderem os perigos que existem no mundo, elas entender~ão os perigos que existem na internet.

Fiquei indignada, por que só mostrar o lado trágico da coisa?

Eu sou uma pessoa extremamente racional. Uso o computador há cerca de 14 anos. Faz parte da minha geração. Já tive surpresas não muito agradáveis com essa história de chat e bate papo. Por outro lado conheço pessoas incríveis, que seja por falta de tempo ou por distância ainda não tive oportunidade de conhecer pessoalmente. E uso o termo ainda, porque faz parte dos meus planos conhecer muito dos meus amigos virtuais.

É claro que a internet têm pessoas com todo o tipo de intenção. Mas seria muito simples eu generalizar - como foi o caso da reportagem - e dizer que meus amigos virtuais são todos mau elementos, são todos psicopatas.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de bom senso e sensibilidade consegue saber com qual o tipo de pessoa que está falando. Eu completaria com uma idéia mais radical, qualquer pessoa bem educada consegue distinguir entre pessoas que são bem intencionadas de pessoas que não são.

A internet causa uma sensação de proximidade ilusória. Você conhece alguém hoje e conversa tanto com esta pessoa que daqui a três dias você terá a falsa ilusão de que aquele seu amigo virtual te conhece tão bem quanto seus amigos de infância.

No entanto, há coisas simples a serem feitas para evitar grandes aborrecimentos. Algumas coisas que sempre faço, mesmo que eu saiba que eu nunca vou conhecer a pessoa com quem estou conversando:

- Dou um "googlada" no nome da pessoa. Muito simples. Acesse nosso conhecido site google e coloque o nome da pessoa entre aspas. Nunca vem muita informação, mas o suficiente para saber se a tal pessoa existe, ter noção da idade e da cidade onde mora;

- Observe as fotos da pessoa. Verifique se a pessoa demonstra-se sociável. Os amigos, a família, se estuda, se trabalha;

- Num site de relacionamento aberto como o 'orkut' por exemplo é possível acompanhar conversas, checar informações da onde a pessoa foi, com quem foi e ir questionando-a. Havendo divergências de informações é interessante prestar atenção. Como confiar em alguém que você não conhece mas que já mente para você?

Tenha em mente um fato simples. É preciso muitas vezes deixar o encanto de lado e ser um pouco racional. Há conhecidos provérbios que podem ser lembrados:

"Quando a esmola é demais o santo desconfia."

"Nem tudo o que reluz é ouro".

"Quem tudo quer, tudo perde".

Príncipes e princesas encantadas não estão à venda pela internet. Caso estivessem, 99% das pessoas já teriam encontrado sua "alma-gêmea".

É óbvio que mesmo tomando cuidados a gente se depara com situações não esperadas.

Algumas pessoas que conheci pessoalmente deixaram bem claro no primeiro encontro que estavam apenas em busca de aventuras amorosas passageiras. Foi só dizer não e explicar muito sutilmente que não era isso o que estava procurando.

Algumas delas são minhas amigas e ganharam meu carinho, respeito e admiração.

Devemos ter cuidado com sites de relacionamento. Mas ter cuidado não quer dizer banir.
É preciso ter cuidado para atravessar a rua, não é mesmo? Mas nem por isso eu deixo de atravessá-la.

Tenho amigos que eu amo com todo o meu coração e não seria possível descrever em algumas linhas o quanto eles são fundamentais na minha vida e quantas alegrias já me trouxeram.

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